Olhares
Marchem aflitos,
um único bloco, de corpos
sintam o peso do açoite, grilhões
na rítmica e acelerada marcha
de escravizados olhares.
Em cada um
esperanças vãs
anseios frustrados
intensos lampejos apagados
angustiantes visões.
Vejam, refletidos,
em cada espelho
seus infortúnios
mirem-se nas derrotas alheias
mostrem-se incapazes, implorem,
em mudos pensares
uma reação.
Revoltem-se olhos doces, de puro mel,
assaltem as costas
em tempestuosas ondas, verde olhar
lampejem, olhos, em raios azuis,
tornem-se negros.
Despejem sua ira,
ódio implacável,
subvertam-se, lutem
e, em chamas inclementes
das profundas íris,
teus malditos algozes,
queimem.
À todos os olhares que passeiam em minhas letras.
0 leram:
Postar um comentário