segunda-feira, fevereiro 09, 2009

O fio

Caminhava em passos lentos, após um cansativo dia de trabalho. Sob o sol inclemente capinara a terra. Sua foice, afiada pacientemente, cortara rente a erva impertinente. A estrada o guia. Cada passo, pesado, o leva para mais perto da recompensa, saciar a fome com um prato simples e matar a sede na água fresca. Faltava pouco quando um carro passou, lançando, sobre seu alquebrado corpo, restos da fétida lama que o sol não secara. Mesmo cansado ainda teve forças para levantar o punho, em indignação. O motorista parou, desceu de seu bólido e em lenta caminhada se aproximou. Sem uma palavra esbofeteou a enrugada face do simplório camponês. Sem um gemido o velho o decapitou. Uma última erva daninha fora cortada.

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Divulgo aqui um novo blog, de autoria da Lella, Diário de Bordo de uma Recém Cadeirante. Prestigiem.

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quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Juarez, a garotinha e o balão

Tem história nova lá no blog do Juarez. Quem quiser saber de novidades clique AQUI.

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terça-feira, janeiro 27, 2009

Sinais


Troam os trovões,
nos céus límpidos,
marulham as ondas,
nos plácidos mares,
uivam os ventos,
nas imóveis copas.

Lanço mão das amarras,
livro-me das âncoras,
a vela é meu leme,
sigo para a tempestade.

O mar, meu último refúgio.

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terça-feira, janeiro 20, 2009

Ruptura


Vejo-a ainda, altiva,
à beira da estrada,
o brilho em seus olhos,
esmaecendo.

Restam-nos apenas o engulho,
da despedida amarga,
faca cega cravada,
em nossos peitos.

Não haverão flores,
o cheiro ácido de lençóis amarfanhados,
o dia seguinte, a ânsia,
não haverá nada.

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quinta-feira, janeiro 15, 2009

Testamento


Às traças entrego minhas vestes,
puídas, encharcadas,
por vômito e lama,
das sarjetas que visitei.

Às putas dôo meu ouro,
boa paga pelo amor,
tantas vezes comprado
em urgentes becos .

No bar deixo polpuda herança,
as contas, malditas lâminas,
que fustigam meu pescoço,
mas ali ainda imploro, mais uma vez,
por um rabo.

Rabo-de-galo.


Escrito pelo Bêbado de Rayol, numa esquina qualquer.

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quarta-feira, janeiro 14, 2009

Verão, verás


Sou uma pobre alma,
fustigada pelo sol.
em caminhar tardio,
nas areias ardentes,
de um rico deserto.

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domingo, janeiro 04, 2009

Feliz ano novo

Há tempos digo que o tempo é um senhor obscuro, cruel, exigente e teimoso. Ele espera que cada passo que damos seja carregado de subjetividades, dúvidas e cobranças. Sabe que uma mão estendida é o correto, mas somos corrigidos pela mediocridade humana. Fazemos nosso melhor e colhemos o pior. E o tempo passa e o mudar o estado das coisas bordeja o abismo inexorável no fim da trilha finita. Empurramos isso sim, uma carreira de pedras. Torcendo para que elas encham o fundo do poço e possamos atravessá-lo sem problemas. Ou que essas pedras caiam nas cabeças dos infernais habitantes das profundezas.

Em cada verdade dita há uma mentira escondida.

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sábado, dezembro 20, 2008

Feliz natal




Papai Noel entrou pela porta dos fundos
(no Brasil as chaminés não são praticáveis),
entrou cauteloso que nem marido depois da farra.
Tateando na escuridão torceu o comutador
e a eletricidade bateu nas coisas resignadas,
coisas que continuavam coisas no mistério do Natal.
Papai Noel explorou a cozinha com olhos espertos,
achou um queijo e comeu.

Depois tirou do bolso um cigarro que não quis acender.
Teve medo talvez de pegar fogo nas barbas postiças
(no Brasil os Papai-Noéis são todos de cara raspada)
e avançou pelo corredor branco de luar.
Aquele quarto é o das crianças
Papai entrou compenetrado.

Os meninos dormiam sonhando outros natais muito mais lindos
mas os sapatos deles estavam cheinhos de brinquedos
soldados mulheres elefantes navios
e um presidente de república de celulóide.

Papai Noel agachou-se e recolheu aquilo tudo
no interminável lenço vermelho de alcobaça.
Fez a trouxa e deu o nó, mas apertou tanto
que lá dentro mulheres elefantes soldados presidente brigavam por causa do aperto.

Os pequenos continuavam dormindo.
Longe um galo comunicou o nascimento de Cristo.
Papai Noel voltou de manso para a cozinha,
apagou a luz, saiu pela porta dos fundos.

Na horta, o luar de Natal abençoava os legumes.

Carlos Drumond de Andrade


Estou de férias e viajando para alhures onde provavelmente não poderei me conectar. Então fica aqui meus melhores desejos de um Feliz Natal, mesmo adiantado.

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quarta-feira, dezembro 10, 2008

Direitos humanos

Hoje está rolando uma blogagem coletiva, promovida pelo meu amigo de além-mar Sam Cyrous do blog Fênix ad Eternum, a respeito dos Direitos Humanos. Maiores informações AQUI. Participe ou faça uma visita.

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terça-feira, dezembro 09, 2008

Remorso


Foram as certezas,
em dúvidas desfeitas,
pelo sopro de vento,
úmido, salgado,
tal lágrimas vertidas.

Sim, esmolo esperanças,
forçadas, vãs,
alimento da alma ferida,
levado à boca,
em louco afã.

Busco a redenção, o perdão, o castigo,
vejo-me morto,
em seus braços.

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segunda-feira, dezembro 08, 2008

Perverso

O inferno não queima em labaredas purificadoras. Nem nos congela os movimentos. O inferno são fragmentos. A perversa reversão de atos, antes passados. Vejo o garoto, que com seu bodoque acerta o bem-te-vi. Ou aquele outro, queimando formigas. Vejo mas não penso nisso. Coisas de criança. Mas, naquele momento fugídio, um pouco de areia é colocada na justa balança. Contra nós. Se nada fizermos, ou fazemos, somente um contra-tempo pode pendular o contra-peso.

Mas ninguém me disse ainda. O santo expiado em vida ganha o quê?

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quinta-feira, dezembro 04, 2008

Apelo


Maldita, largue-me!
deixe o lodo me recobrir,
sufocar,
creia, é a saída, ainda honrosa.

Estou, sim, cego,
cego ficarei,
só.

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Parabéns

Registro aqui meus parabéns ao blog "A Vida Secreta" que hoje completa um ano. Muita informação sobre o lado B da vida.

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sexta-feira, novembro 28, 2008

Divulgando

A Taís Morais está lançando seu novo livro em Brasília: "Sem Vestígios - revelações de um agente secreto da ditadura militar brasileira ", um lançamento da Geração Editorial.

Maiores informações AQUI.

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quarta-feira, novembro 26, 2008

Ajuda humanitária

Somente aqueles que caminham no vale da morte sabem o valor que uma gota de água fresca e um naco de comida podem ter.



Ajudem seus irmãos catarinenses, mesmo que vocês não os conheçam. Estou fazendo a minha parte. Faça a sua. Procure a defesa civil de sua cidade e pergunte como ajudar. Não esqueçam que nem todas as cidades possuem um esquema de encaminhamento de donativos. Se criarem um local de arrecadação, organizem a separação das peças doadas por tipo e tamanho. Esse é o grande gargalo que qualquer esforço deste tipo encontra. Acondicionem em caixas de papelão, mais fáceis de empilhar. Se conseguirem bastante donativos mas não tiverem como transportar, não sintam-se intimidados, procurem uma transportadora e peçam para que ajudem a levar até onde exista um centro melhor estruturado. Se o dono da transportadora se negar envie um singelo e-mail para o jornal local enaltecendo o descaso do empresário e publiquem no seu blog. Ou então deposite sua contribuição humanitária nas contas abertas no BESC (conta corrente 80.000-0, agência 068-0) e Banco do Brasil (agência 3582-3, conta corrente 80.000-7).

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sexta-feira, novembro 14, 2008

Plágio II

O elo mais fraco aprisiona a mais poderosa corrente em sua mediocridade.


Queria eu poder dizer mais. Minha limitação e cegueira torna tudo mais difícil. Vivencio certas mudanças mundanas. O que me faz lembrar que sou um eterno devedor. Não só com aqueles que me visitam, mas com os injustiçados. Dois casos me exasperaram. O primeiro envolvendo plágio puro e simples. Não consigo compreender como alguém, de livre e espontÂnea vontade, ousa em copiar o trabalho de alguém sem dar os devidos créditos. O outro caso é ainda mais bizarro. A acusação leviana contra uma pessoa que em nenhum momento se furtou a dar os devidos créditos ao que copiou.

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quinta-feira, novembro 06, 2008

A arte se encontra na Bienal de São Paulo

Mais uma Bienal de São Paulo. Um líbelo a arte contemporânea "muderna". Como bastião inexpugnável de trabalhos vanguardistas e "pra frentex", este evento se tornou o símbolo do simbolismo abstrato simbolicamente representado por simbolistas de todas as etnias, cores, preferências sexuais, tendências, matizes, texturas e outros adjetivos. Nunca fui muito ligado em arte. Sempre achei que arte era o que Rodin, Monet, Picasso e Miró produziam. Como sou um analfa cultural nunca entendi bem o que queriam dizer os artistas que apresentavam, por exemplo, uma parede de uns 8 metros de comprimento completamente branca com uma coisa branca no meio ou uma fonte jorrando chocolate ou, ainda, um monte de caixa de fitas k7 coladas.

Nesta edição vi, na telinha por que não sou besta de gastar meu suado salário nisso, um tobogã. Sim, um tobogã, e duplo. O sujeito sobe uma escadinha e desce deitado em alguma coisa hype. É "obra" de um artista sueco, que ao invés de apresentar uma filmografia pornô ou dildos estilosos, preferiu fazer o público pensar, "Mas que merda é essa de um tobogã no meio da bienal?"

Já que qualquer coisa é arte então aqui vai minha obra. Este objeto representa a ousadia e ênfase que eu, enquanto artista, enfatizo o processo de exteriorização do interior mundano, do ser humano, enquanto capitalista apostólico romano. Notem que os 4 pés representam o alicerce no qual toda a cultura ocidental se apoia, isto é, dinheiro, poder, mulheres fáceis e bebida à vontade. O círculo oblongo, no meio, é a caracterização da busca perpétua pelo caminho da luz tântrica hindu. A cor branca representa a pureza ainda não corrompida. E a etiqueta é a marca do fabricante.

Em tempo: O original foi publicado AQUI.

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terça-feira, novembro 04, 2008

Alerta importante

Plagiadores do meu Brasil, vão para a puta que os pariu.

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quarta-feira, outubro 22, 2008

Umbral


Encharcado, trôpego,
me amparo, escorado ao poste,
sua luz fria ri-se, da poça,
de vômito, o barro original.

Traga-me, a bile, qual areia,
movediça,
irritadiça queimação,
é o fatal soco, gástrico suco,
caio, enfim, trapo.

Na boca sórdida, o esgar,
dos olhos o escárnio,
nenhuma piedade,
das rameiras que sustentei.

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quarta-feira, outubro 08, 2008

Mudança

Retirou o último quadro, um sorriso triste rasgou-lhe a face. Veio o suspiro, em seu intervalo breve retirou, também, o último prego. Sem aviso, desmoronou a casa.

Certas ausências aqui são, e sempre serão, sentidas. Sei que patino sem inspiração, nos campos que a vida apresenta. Entendo aqueles que não entendem, mas arrisco-me no direito inalienável de não me violentar.

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