A vida entremeada - Padeiro
Sétimo Capítulo
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Mas que diabos dos infernos de relógio. Não despertou a desgraça. Tô atrasado. Culpa dessa infeliz, inútil. Vive reclamando. Acorda às 5 e ainda se faz de vítima. São quase 4 e meia, diacho. Tenho que correr. “Seo” Manuel não vai gostar se eu atrasar a fornada. Patrão desgraçado, mão-de-vaca. Tchau querida, até nunca. Bom dia. Mais um dia. Ih, tem encomenda. Festança grossa pelo visto. Lá se vai a pelada da tarde. Mas pelo menos passo no boteco. Bem na hora de passar aquela menina. Como eu queria amassar aquelas carnes. Coisa gostosa que deve ser. Só não entendo como ela fica de rabicho com aquele doido. Se ela soubesse do que ele conta lá no bar, lascou-se. Se bem que eu podia ficar com a sobra. Dava um pé na bunda daquela megera. Sonha, sonha. Tá quase na hora. Acabou. Graças a Deus. Vou lá tomar minha cachaça antes que a desgraçada chegue. "Bebe pra esquecer, 'Seo' merda". Eu cuspi na cruz pra merecer aquilo ali. Vai reclamar assim no quintos dos infernos. Só por que a irmã casou com aquele sujeito do mercado se acha no direito de encher meu saco. Ah, coisa boa essa “marvada”. Desce mais uma aí. O que ta fazendo ali no meio dessa chuva? Aquele cara é mesmo muito estranho. Olha a garota ali. Nem se falaram. Ela nem viu ele. Bem feito.
Porra que não é um tiro. Desce mais uma aí.
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