Filosofia de bar.
Mais uma vez encontro-me aqui. Nesse balcão sujo, enevoado pela fumaça acre e azulada dos incontáveis cigarros que me cercam. Agradeço ao deus, que me serve generosas doses. Abençoados sejam a cerveja, a cachaça e o rabo-de-galo. O ovo colorido. Embriagado, declamo palavras tortas em meio às saudosas lembranças de meus amores direitos. As putas, embevecidas, aplaudem. Chamam-me de poeta. Poeta é o caralho. Sou um louco enternecido. Ouço as estórias das moças. Acredito em todas. Choro por elas. Quero salvá-las de seus infernos. Palavra tola essa. Salvação. Cercam-me ávidas, pelos trocados que brotam de meus bolsos. “Pegue o que é teu antes que alguém o pegue”, ouço. Tenho que salvar a mim. Salvo por minhas próprias ações. Afogo-me no mar alcoólico. Sou um babaca.
Estranhos são os matizes dos ovos coloridos, não?
Escrito pelo Bêbado de Rayol, em um balcão de boteco qualquer. Originalmente publicado no blog Livro Aberto.
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