Hoje publico minhas opiniões, pessoais e intransferíveis, na blogagem coletiva, organizada por mim mesmo, cujo tema foi proposto pelo Rodrigo Capella e será debatido no próximo sábado, na na 22ª Edição da Feira do Livro, em Floripa. Antes de tudo, não vejo a questão como algo simplista, o que pode parecer à primeira vista. Mas vamos por partes:
1. Todos somos poetas: Disso não tenho a menor dúvida. Senti isso na pele. Comecei a escrever por acaso, e confesso que foi uma surpresa. Algumas pessoas mais gabaritadas me deram força e fui testando formas de escrever. Não quero parecer condescendente, arrogante nem falso modesto, mas não é difícil traduzir em letras sentimentos que temos ou situações que vivenciamos. É só uma questão de arriscar;
2. Nem tudo o que produzimos tem qualidade: Devemos ter o bom-senso para reconhecer uma crítica construtiva e aceitá-la sem estresse. A grande questão que vejo é que no campo das artes o que é ou não boa poesia depende muito. Não posso concordar, por exemplo, em chamar o manual da Bruna Putistinha de literatura. Da mesma forma que não posso aceitar que um vaso sanitário cheio de merda, numa sala da bienal, seja considerado arte. Nas letras sinceramente, torço o nariz para “poesias” que nada mais são do que um empilhamento de frases como se fossem versos. Não critico, mas não gosto. A dependência da opinião então pode deixar de ser qualitativa para se tornar comercial ou forma de protesto da vanguarda pseudo-intelectual;
3. Existem regras: Falando em qualidade de poesias, haicais, poetrix e sonetos seguem uma métrica e conceitos bem definidos. Se nos propomos a seguir um determinado caminho temos que respeitá-las. A poesia livre, a transformação do sentir em palavra escrita e daí em um objeto de arte é algo fascinante, isso sim é um campo a ser explorado, sem medo;
4.Falta coragem e disposição: Para muitos, encarar o esforço, que é publicar um livro, é um desafio impossível de se cumprir. Muita gente boa deixa de lado a idéia. Encerram-se no mundo internético e para eles isso basta. Além disso, sem deixar de lado a realidade de que todos gostamos de dinheiro, não percamos de vista que a arte tem um forte apelo social. Estimular a leitura é libertário, para quem escreve e para quem lê. E para isso deve ser levado a todas as camadas, quem obviamente não tem acesso à internet, por mais que o governo diga o contrário. Ao estimular a leitura estimulamos a busca pelo conhecimento. E isso não tem preço;
5. O mercado editorial é bizarro: Quero publicar um livro, o que faço? Reza. Entre as maneiras de publicar encontrei dois grandes segmentos: Gráficas que se passam por editoras, onde o freguês manda editar quantos exemplares quiser, coçando o bolso. O editor não se responsabiliza pela divulgação nem distribuição. No extremo oposto, as editoras propriamente ditas, conte com a sorte de conhecer um canal experiente e adequado, encontrar a editora cuja linha de publicação está aderente ao que quer publicar e ter algo comercialmente vendável. Aí entra a ginga e a malemolência de cada um, pois "marketear", vender e negociar não é fácil.
6. Sites e blogs: São excelentes ferramentas para publicar seus textos. Mas são apenas isso, ferramentas. Como mídia de divulgação é excelente mas ainda assim gostamos de grana. Somente publicando, em papel, podemos alcançar o devido retorno financeiro, se merecermos. Como ainda não se inventou uma forma de se ganhar, realmente, dinheiro publicando em blogs fica aqui o desafio. Deverá ser o próximo estágio na rede.
E tenho dito.
Não deixem de visitar o blog do debate e ler o interessante texto do Rodrigo Capella. Clique aqui.
Em tempo: Dos comentários: "Gostei da forma como você citou os pontos, embora questione a parte da publicação. Não é preciso rezar, é preciso se adequar. Sabe quantos textos uma editora recebe? Milhares e sabe quantos são publicados? Poucos. Você pode até achar que a forma de trabalho das editoras não seja adequado, mas é um padrão pré-definido e cá entre nós, hoje em dia se escreve muito, o problema é a qualidade. E se ontem, as editoras recebiam cem trabalhos num ano, hoje são milhões ao ano. Sem contar que a maioria não se preocupa com pequenos detalhes, tais como: revisão, currículo e uma boa apresentação do seu texto num release.
Só isso já conta para que um texto seja esquecido e literalmente arquivado verticalmente.
Quanto a internet, ela é mais que uma ferramenta sim, mas depende de quem usa e da forma que usa". Lunna Guedes
Nos comentários 2: "Discordo de você quando diz que todos somos poetas. Potencialmente, é claro, a maioria é, raros porém conseguem sê-lo de fato. Considero a poesia o gênero literário mais difícil. Passar idéias, emoções, sentimentos de toda espécie num curto espaço é muito complicado. Do romance à poesia, passando pela novela e pelo conto, conforme diminuímos o tamanho do que é dito, dificultamos o nosso dizer com qualidade". Lord Broken Pottery
---------------------------------
Peço que me avisem de sua participação, por email (rrayol@gmail.com) ou nos comentários neste post.
---------------------------------
Participam desta blogagem, até o momento:
Claudia Perotti, Luma, Carmen Neves, Hemisfério Norte, Cilene Bonfim, Erika, Saramar, Luci Lacey, Renata, Tita Coelho, Lunna, Claudya, Cejunior, Ronald, Oscar, Marcos, Veridiana Serpa, SAM, Sarah K, Oscar (no Flainando), Fernando, André Wernner, Mila.
Read more...