O homem que lia
Aquele homem lia,
em voz alta, silencioso, sem desfaçatez,
à luz do dia ou na calada da noite, fria.
Lia tudo que à mão havia,
português, inglês ou javanês,
até livros da Turquia.
Devoravam-no, os livros,
a carne e os olhos, a lucidez,
era assim, de bom grado, que os retribuía.
E o tempo passou, envelheceu
ainda lia voraz, no vai-vem de sua rede,
relembrava as viagens, aventuras e picardias.
Morreu de repente, abraçado, a um gasto volume, em Braille.
Inspirado no livro "Coração de tinta", de Cornelia Funke, Editora Cia das Letras.
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