O fio
Caminhava em passos lentos, após um cansativo dia de trabalho. Sob o sol inclemente capinara a terra. Sua foice, afiada pacientemente, cortara rente a erva impertinente. A estrada o guia. Cada passo, pesado, o leva para mais perto da recompensa, saciar a fome com um prato simples e matar a sede na água fresca. Faltava pouco quando um carro passou, lançando, sobre seu alquebrado corpo, restos da fétida lama que o sol não secara. Mesmo cansado ainda teve forças para levantar o punho, em indignação. O motorista parou, desceu de seu bólido e em lenta caminhada se aproximou. Sem uma palavra esbofeteou a enrugada face do simplório camponês. Sem um gemido o velho o decapitou. Uma última erva daninha fora cortada.
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Divulgo aqui um novo blog, de autoria da Lella, Diário de Bordo de uma Recém Cadeirante. Prestigiem.
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