Megera
Cidade miserável essa, 3 horas para chegar em casa, bosta de subúrbio. E isso de acordar às 5 da manhã? Não é para uma cristã como eu. Bem feito, sua burra. Bem que minha mãe dizia que era para ter casado com o Ernani, o que virou supervisor do supermercado. Esse zinho aqui é um cretino, um merda mesmo. Sem ambição. Um coitado. Fica o dia todo largado por aí, deve estar no bar agora, o desgraçado, bebendo com aqueles amigos chinfrins. Ainda bem que não tem futebol. Mas a Inês é morta, como dizia meu pai. O que é pior é o ônibus. Ficar espremida em pé é coisa de pobre. Aquela esfregação é coisa do demônio. E aquele cheiro de bodum, meu Deus. Ah se soubessem que gosto mesmo é de um homem perfumado, e ainda quando é bem servido. Que nem o namorado dessa vaca do lado. Bem apanhado, educado, respeitador. E a putinha ainda por cima esnoba com ele. Não sei o que ela viu naquele outro, o que tem cara de tuberculoso. Isso ainda vai acabar mal. Eu que não vou fazer fofoca. Se bem que se o bonitão largasse dela eu podia me aproveitar. Já vi como ele olha pra mim, guloso. Guloso e safado, o homem. Ai meu Deus, tenho que ir a igreja. Já tem uma semana que não me confesso. E essa quentura aqui no meio das minhas pernas não é normal. O inútil não preparou nada pra janta. De novo. Vou me virar com o que tem. Estou tão cansada. Bosta de vidinha ridícula. Bosta, bosta, mil vezes bosta. E a vaca da vizinha no bem-bom. Deve estar trepando por aí, a meretriz. Olha ela aí chegando toda faceira, que inveja. Ai meu Deus, um tiro.
Deu cabo dela o corno. Bem feito, rameira.
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