quarta-feira, maio 02, 2007

As letras em Haikai


abismo vejo
navalhas escarpadas
rochedos cortam

busco harmonia
nas brumas invernais
gélida razão

corro célere
colinas verdejantes
flores carrego

destroços fluem
rudes ondas carregam
contínua maré

espinhos matam
vigoroso lanceio
rosa e sangue

fruto ácido
árvore proibida
mortal desejo

galhos desnudos
frutos apodrecidos
agonia atroz

hibiscos formam
mística forma oval
pesado fardo

ilha estéril
repele sanidade
nada atrai

juncos únicos
norte muralha verde
insuperável

kairalla sorri
folhas recobrem bosques
flores a cobrem

lépido vento
alvissareiro sopra
inverno se vai

macaco-prego
preso, crucificado
santo macaco

névoas envolvem
ninfas amortecidas
árvores mortas

orvalho molha
amadurece raiz
vicejam folhas

patos parados
alvos simples pintados
lago sangrento

quebra espinhos
rosas sucumbem vivas
triste destino

rosas vicejam
rubras pétalas abrem
rústica haste

sibilam cobras
pântano putrefato
vida oculta

tigre arisco
finita liberdade
mata fechada

uivos cortantes
matilha caça presa
loba lidera

vento fustiga
inverno acolhido
grutas abrigam

xisto mutante
metamórfica rocha
terra inculta

zebras evadem
savanas infestadas
chacal à caça


Prestigiem Pseudo-poemas e Cantábile.

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