quinta-feira, fevereiro 01, 2007

(In)rosas


Rosas pétreas
Rosadas, impregnadas
Cheiro fétido, derramado
Esvai odor
Em justa estação
Sentidos diversos
Envolvem-se
Em folhas putrefatas
Visões passadas
Gostos presentes
Ouço futuros
Ardor em reminiscências
Aspiro suspiros
Em compasso caminho
Entre árvores
Desfiguradas, desnudas
Penso
Em rosas pétreas
Esmagadas.

(Uma réplica a um poema do "Noites de Mel" desconheço a autoria da imagem. Aproveito para divulgar que tem post novo do esotérico Heitor Caolho)

12 leram:

Anônimo,  5:46 PM  

Ricardo na versão poeta...hum, Meus Parabéns! Muito bom heim? Lindos os seus poemas, de verdade!
Com certeza valeu a pena conhecer mais esse blog...Se der ainda hoje visito os outros tá?
Bjão carinhoso, Crisssssss...

cantabile 5:58 PM  

huuummm ... achei um pouco mórbido.
Bonito mas mórbido.
Isso é muito triste. prefiro você mais ardente, sonhador , ...

Poemas e Cotidiano 1:22 AM  

"Aspiros suspiros, em compasso caminho"....que linda frase poetica, meu amigo Rick!
Um beijo carinhoso
MARY

Chellot 8:50 AM  

Essa poesia reflete sentimentos sombrios, angustiantes, dias nenulosos, dificuldades...

Gostei.

Beijos de Lua.

Anônimo,  4:06 PM  

Estou aqui, a reler este poema, amigo e desejo de novo "entrelaçar" as tuas palavras ... desculpa. Sabes que é uma espécie de alimento de alma, viajar dentro das consoantes e vogais ...

Oiço neste momento T. from Vienne Woods (1868) - Johann Strauss (Valsa)...
***


Rosas pétreas, Rosadas,
Fantasiam em espumas, aulidos
os sentidos feridos.
As ruas, plantadas de agigantados álamos,
impregnadas, emergem no sarro num
Cheiro fétido, derramado.
Que a noite, se esvai odor….

Em justa estação, d’onda a força -rebentação
Sentidos diversos, implodem – poemas, rimas, versos.
Envolvem-se, adjectivos apostos aos verbos…
Num rebusco de imagens iniciais.

Em folhas putrefactas, no renascer das horas
Visões passadas projectam as imagens inseguras
De amantes nas madrugadas …

Gostos presentes, ainda incipientes…

Ouço futuros, são os passos compassados
De uma Valsa.
Ardor em reminiscências, no fulgor
Das notas e no rebusco de sapiências.

Aspiro suspiros, deslizo em rios de sal,
No inóspito e gélido desenho do destino.

Em (des)compasso caminho, enrosco-me nas sombras
Entre árvores. Alcantiladas, solto as palavras…
Verborreia – nas cores de prata da Lua Cheia.
Desfiguradas, desnudas, têm o travo agridoce
da fruta-pão. Vestem-se do pó, poeira do chão.

Penso, suspenso no varal do Tempo,
em rosas pétreas, botões de carne e sal:
As Rosas, Filhas de Portugal …
Esmagadas. Suplantadas ...

Um abraço,
Mel

PS: Hj deixo-te o link da minha Maresia
www.maresiademel.blogs.sapo.pt

(como sou "compulsiva" ... escrevo em vários blogs...)

Unknown 7:53 PM  

Linda poesia!
Um bocadinho sombrio, mas lindo mesmo, tal como tu sabes!
Suspira quem te visita!

Beijinhos

Maria 8:01 PM  

Aspiro suspiros...que bom é aspirar e suspirar...


Beijo

FF

Anônimo,  1:00 PM  

Ricardo
Como a foto o poema é sombrio e triste, sem cor, mas absurdamente lindo!
Me vi caminhando por entre aquelas arvores, naquele caminho escuro, alguns raios tímidos de luz entrando, e pelo chão flores mortas, espalhadas, pisadas ...
Um cheiro de fim.

Anônimo,  1:32 PM  

O Acaso e Cláudia me trouxeram aqui.

Belíssimo, teu poema de hoje!


Abraços, flores, estrelas...

Tudo 5:36 PM  

Rosas pétreas ... que imagem forte e mórbida. Deu uma tristeza ...
;-)
bjs!

Saramar 7:16 PM  

Ricardo, li um poema que fala de uma rosa sangrando no asfalto.
Ese seu, com essas mórbidas imagens me faz lembrar de dores tão imensas que são impossíveis até de se lembrar.
É contundente e belo!

beijos

Daniele 9:34 PM  

Ricardo,

Como sempre a densidade é uma constante em seus poemas.
A imagem conjugada a sua poesia é de um lirismo ímpar.

Beijos.

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